quinta-feira, 27 de maio de 2010

Joaquim (3/3)

"...E seguiu rumo sua viagem. Joaquim estava decidido: jamais entregaria sua pedra a mais ninguem. Das vezes que tentou, sempre dera errado... as vezes, por insuficiencia alheia...noutras, pelo próprio destino que o fazia precisar dela ao seu lado...

Depois de um longo tempo, num de seus rotineiros passeios pelos vilarejos vizinhos, encontrara num bar uma pessoa... Joaquim se aproximou, e conheceu-a: era uma viajante, que parara ali por algum tempo antes de continuar seu caminho.

E, ao longo da conversa, sentia seu bolso aquecer e esfriar novamente, como nas outras vezes que acontecera. Mas dessa vez, era diferente: estava decidido. Não podia mais perder tempo com indas e vindas, não queria ter de recolher de novo um presente dado com tanto apreço...

E voltou pra casa. Nos dias que seguiram, voltara naquele bar, e encontrara por vezes a tal viajante, e conversavam por horas e noites a dentro. Riam e bebiam, e no final, cada um voltava sorrindo para seu posto.

Seu pensamento já não era o mesmo: enfim, encontrara alguém que merecia ter sua pedra. não era alguém que conhecera numa noite, era alguém que partilhava sorrisos e alegrias... alguém que sentia um apreço muito grande, e teria consigo uma parte dele mesmo.

Ao final de mais uma noite de boemia, ao sairem, Joaquim retirou a pedra do bolso, que brilhava novamente incandescente, e deu-lhe à viajante...
"Não posso. Mesmo que passemos esse tempo juntos, não quero ter algo tão importante assim..."
Frustrado, viu sua pedra perder o brilho...agora, em suas próprias mãos! E mais uma vez, entendeu que akele bem tão precioso devia ficar em suas mãos, e nunca sair dali, nem que por oferta generosa...

Olhou pra frente, e já não viu mais aquele sorriso vindouro de outro lugar...e já quase não via mais nada...tudo ficara escuro de repente...


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-"Heim?"
-"É kinhu, de Joaquim? Sabe? Joaquinho??
-"Não não..é de Marco mesmo..marquinho."
-"Ah, tah... vamo pra praia então kinhu?"
-"Vamos.."

=)

Um comentário:

  1. Gostei! A pedra como um signo, subliminar, um quali-signo remático, ancorado por 4 ás 6 escolas da teoria da comunicação, com um "Q" sutil de fálico. Gostei, parabens : ) - muito da história ja vi com meus proprios olhos hEuhueH-

    abrçs

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